19 de ago. de 2009

Canto de cravo e rosa


Foto: Vilmar Carvalho


Fios mais fracos que asas


Se soubesse cantar, cantaria...

“Como pode um peixe vivo viver fora da água fria?
Como pode um peixe vivo viver fora da água fria?
Como poderei viver, como poderei viver?
Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia?
Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia?”

Como não sei mais que cantarolar, teço talvez uma teia que serve para pegar as moscas voando por aí. E o que é uma peça que não uma mosca, voando em nossas cabeças?

Em minha cabeça, de domingo para cá, voa “Canto de Cravo e Rosa”, direção de Jessé Oliveira e dramaturgia de Viviane Juguero, espetáculo recheado de cantigas de roda.

Falta, eis que reparo, luz em Canto de Cravo e Rosa. Luz para iluminar o palco, colorir a cena e tudo mais.

Tudo mais o que é energia dos atores cujos olhares de fora da cena estão dentro dela, movimentando-se em seu ritmo. Nada nem ninguém está fora do lugar, fora de contexto, alheio ou incoerente ao seu próprio criar. O espetáculo inteiro é um texto só, sem barrigas, sem nouvelles vagues descabidas ou seres humanos em selva de bichos.

Tudo mais são os figurinos e as máscaras, pesquisados, pensados, planejados e postos a fazer com que nada se destaque, nada sobre ou sobressaia, mas tudo, como um “tudo mais” chame a atenção.

Tudo mais são lugares para onde nos levam a linda voz de Viviane Juguero, o lindo violão de Diego Neimar e todas as cantigas de roda interpretadas como parte e nunca como todo ou adendo. A proposta de recuperação dessas canções, muitas já esquecidas, é um bem pelo qual agradecemos, parabenizamos e aplaudimos.

Tudo mais são movimentos que mostram a agilidade de Éd RosaS, além de ator eficiente, um atleta cujo aproveitamento físico só traz ganhos para a platéia de grandes e pequenos que não dão bola para a Gripe Nova e vão ao teatro.

Tudo mais são as participações de Ana Cláudia Bernarecki e, como ela, os demais do elenco a darem suas contribuições, sobretudo, com olhares e deslizares próprios de quem sabem o que estão fazendo e o fazem com prazer.

Tudo mais são os plots criados pela dramaturgia que, partindo de uma música, constrói várias músicas; de uma pequena trama, nos dá um motivo pelo qual vale a pena torcer.

Tudo mais são as qualidades dessa direção de Jessé Oliveira que, com uma equipe formada de nomes bem reconhecidos, pelo terceiro ano volta ao palco com essa bela história.

Tudo o mais são os espaços escuros que, atrás da teia, poderiam ter sido diversamente preenchidos, para não dizer que não falei de flores.

Mosca forte bate asas e quebra minha teia. Não dá bola para mim e continua voando. Como um bobo fico aqui,


Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia.

*

FICHA TÉCNICA

Dramaturgia: Viviane Juguero
Direção: Jessé Oliveira

Elenco:
Ana Cláudia Bernarecki
Diego Neimar
Éd RosaS (Éderson Santos)
Ravena Dutra
Rodrigo Marquez
Viviane Juguero

Direção Musical: Toneco Costa
Preparação Vocal: Marlene Goidanich
Cenário: Élcio Rossini
Figurinos: Raquel Capelletto
Márcaras, bonecos e acessórios: Sayô Martins
Iluminação: Jessé Oliveira
Assessoria de Imprensa: Rodrigo Marquez
Produção: Delta V Produções

1 Comentário:

Márcia disse...

Pelo jeito fomos no mesmo domingo: 16/08. Não dá pra esquecer aquele final repleto de uma energia maravilhosa que fez o "uhú" da platéia intenso, verdadeiro, assim que o apagar das luzes mostrou que era o fim.
Márcia Ilha Marques

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