A Caravana da Fantasia conta O Patinho Feio
Foto: Lisa Roos
Sem direção
“Caravana da Fantasia conta O Patinho Feio” irá decepcionar aqueles acostumados com as boas e as ótimas produções da Cia. Teatro Novo, como Peter Pan e Menina das Estrelas (e trago presente essas análises uma vez que as críticas positivas fazem menos sucesso que as negativas infelizmente). O fato é que a produção não diz a que veio e quero crer que ela tenha vindo para ocupar um lugar na grade de horário (às 15horas) diferenciado e, assim, atender a uma demanda do normal grande público da Sala Carmen Silva que completa dez anos de bom funcionamento. O problema principal do espetáculo é: não tem direção. Em vários aspectos, que serão tratados a seguir, isso fica claro para o espectador.
Cada ator manifesta uma construção de personagem baseada em linhas interpretativas diferentes.Em Ana Paula Schneider, é possível ler vários signos do clown: a falsa inoscência, a pré-disposição constante, o sempre retorno à neutralidade facial quebrada por expressões rápidas, o corpo que parte de uma posição inicial neutra e retorna a ela sempre que possível... Em Guega Peixoto, é possível ler signos do teatro dramático tão facilmente encontrados nos melodramas, comédias de costumes e teatro realista. A atriz mantém uma energia focada em si e na sua partitura, pouco pré-disposta às improvisações. Reissoli Moreira, Daniel Barcellos e Leonardo Dias aproximam-se da farsa, isto é, sempre valorizando as ironias tanto no discurso verbal (o texto) como no discurso imagético (o desenho de movimentos). Individualmente, não é possível dizer que um ator está melhor do que o outro em cena, mas destacar a ausência de uma figura que dê coerência para as construções que se vê.
A dramaturgia se mostra bastante pobre se considerarmos os grandes espetáculos, dois já citados, da Cia. Teatro Novo. Em linhas gerais, “A Caravana da Fantasia” se trata um grupo de atores que contam histórias. Em questão, se resolve contar a história de “O Patinho Feio”. Pela forma como os textos estão postos, é fácil de identificar o gênero farsa: os personagens debocham um dos outros, colocam piadas relacionadas com o mundo do teatro (piadas internas da classe artística), estruturam a cena em vários níveis de identificação e parecem improvisar, usando acessórios e objetos para manifestar os personagens e os lugares onde as ações ocorrem. Além disso, tem o público como fator considerável desde o ínicio até o fim, olhando para ele, estimulando a sua participação, “jogando” com ele. O personagem de Moreira, por exemplo, é um pescador que narra a história dentro da história, ou seja, há um ator que interpreta um ator que interpreta um ou vários personagens. E todos os personagens fazem isso totalmente direcionado para o público. Do ponto de vista da forma, não há nenhum problema com isso, mas, do ponto de vista do conteúdo, não se pode dizer o mesmo. Há uma sucessão de piadas que, embora, como tais, sejam soltas, são ditas em contextos presos. É como um piadista envergonhado: por mais que seja interessante o que ele diz, não conseguimos desviar a atenção de sua cara vermelha e sua testa molhada de suor. E, como esse piadista emenda uma piada na outra, o tédio aparece e pouco sobra além da simpatia que os atores despertam.
O espetáculo é simpático pelo jeito como explora as cores e a musicalidade. Tudo é muito colorido e de várias texturas e modelos. E os efeitos sonoros são produzidos em cena aberta o que é muito interessante para quem vê. Mas, em meio a esses elogios, há que se dizer que a música de abertura, que é a mesma do encerramento, para ser melhor executada, carece de uma preparação vocal mais condizente com quem canta ou, então, uma reformulação no seu arranjo.
Deixando a desejar em vários aspectos, mas felizmente não em todos, destaca-se o carisma de Reissoli Moreira, uma das poucas boas lembranças que essa produção deixará.
*
Ficha técnica:
De: Hans Christian Andersen
Adaptação: Ronald Radde e Reissoli Moreira
Direção: Karen Radde
Direção de Produção: Ellen D’Ávila
Assistente de Produção: Caroline Copette
Gerente Administrativo: Hamilton Dias
Música “Patinho Feio”: Álvaro RosaCosta
Música “Borboleta”: Rui Vanti
Música “Caravana”: Leonel Radde e Alhybia Borges
Trilha incidental e arranjos: Leonardo Dias
Preparação Vocal: Letícia Paranhos
Coreografias: Saionara Sosa
Figurinos: Titi Lopes e Ellen D”Ávila (concepção)
Adereços: Elenco Caravana
Cenografia: Ronald Radde e Reissoli Moreira
Execução e Apoio: Elenco Caravana
Criação de Luz: Osmar Montiel
Operação de Luz: José Hildemar Cavalheiro / Marcial Perez (ship)
Programação gráfica: Rogério Araujo
Fotos: Lisa Roos
Assessoria de Imprensa: Phosphoros Novas Ideias
Webdesigner: Rosana Almendares
Projeto A Escola Vai ao Teatro: Ane Marie Kraner
Elenco:
Ana Paula Scheneider
Daniel Barcellos
Leonardo Dias
Guega Peixoto
Reissoli Moreira
Sem direção
“Caravana da Fantasia conta O Patinho Feio” irá decepcionar aqueles acostumados com as boas e as ótimas produções da Cia. Teatro Novo, como Peter Pan e Menina das Estrelas (e trago presente essas análises uma vez que as críticas positivas fazem menos sucesso que as negativas infelizmente). O fato é que a produção não diz a que veio e quero crer que ela tenha vindo para ocupar um lugar na grade de horário (às 15horas) diferenciado e, assim, atender a uma demanda do normal grande público da Sala Carmen Silva que completa dez anos de bom funcionamento. O problema principal do espetáculo é: não tem direção. Em vários aspectos, que serão tratados a seguir, isso fica claro para o espectador.
Cada ator manifesta uma construção de personagem baseada em linhas interpretativas diferentes.Em Ana Paula Schneider, é possível ler vários signos do clown: a falsa inoscência, a pré-disposição constante, o sempre retorno à neutralidade facial quebrada por expressões rápidas, o corpo que parte de uma posição inicial neutra e retorna a ela sempre que possível... Em Guega Peixoto, é possível ler signos do teatro dramático tão facilmente encontrados nos melodramas, comédias de costumes e teatro realista. A atriz mantém uma energia focada em si e na sua partitura, pouco pré-disposta às improvisações. Reissoli Moreira, Daniel Barcellos e Leonardo Dias aproximam-se da farsa, isto é, sempre valorizando as ironias tanto no discurso verbal (o texto) como no discurso imagético (o desenho de movimentos). Individualmente, não é possível dizer que um ator está melhor do que o outro em cena, mas destacar a ausência de uma figura que dê coerência para as construções que se vê.
A dramaturgia se mostra bastante pobre se considerarmos os grandes espetáculos, dois já citados, da Cia. Teatro Novo. Em linhas gerais, “A Caravana da Fantasia” se trata um grupo de atores que contam histórias. Em questão, se resolve contar a história de “O Patinho Feio”. Pela forma como os textos estão postos, é fácil de identificar o gênero farsa: os personagens debocham um dos outros, colocam piadas relacionadas com o mundo do teatro (piadas internas da classe artística), estruturam a cena em vários níveis de identificação e parecem improvisar, usando acessórios e objetos para manifestar os personagens e os lugares onde as ações ocorrem. Além disso, tem o público como fator considerável desde o ínicio até o fim, olhando para ele, estimulando a sua participação, “jogando” com ele. O personagem de Moreira, por exemplo, é um pescador que narra a história dentro da história, ou seja, há um ator que interpreta um ator que interpreta um ou vários personagens. E todos os personagens fazem isso totalmente direcionado para o público. Do ponto de vista da forma, não há nenhum problema com isso, mas, do ponto de vista do conteúdo, não se pode dizer o mesmo. Há uma sucessão de piadas que, embora, como tais, sejam soltas, são ditas em contextos presos. É como um piadista envergonhado: por mais que seja interessante o que ele diz, não conseguimos desviar a atenção de sua cara vermelha e sua testa molhada de suor. E, como esse piadista emenda uma piada na outra, o tédio aparece e pouco sobra além da simpatia que os atores despertam.
O espetáculo é simpático pelo jeito como explora as cores e a musicalidade. Tudo é muito colorido e de várias texturas e modelos. E os efeitos sonoros são produzidos em cena aberta o que é muito interessante para quem vê. Mas, em meio a esses elogios, há que se dizer que a música de abertura, que é a mesma do encerramento, para ser melhor executada, carece de uma preparação vocal mais condizente com quem canta ou, então, uma reformulação no seu arranjo.
Deixando a desejar em vários aspectos, mas felizmente não em todos, destaca-se o carisma de Reissoli Moreira, uma das poucas boas lembranças que essa produção deixará.
*
Ficha técnica:
De: Hans Christian Andersen
Adaptação: Ronald Radde e Reissoli Moreira
Direção: Karen Radde
Direção de Produção: Ellen D’Ávila
Assistente de Produção: Caroline Copette
Gerente Administrativo: Hamilton Dias
Música “Patinho Feio”: Álvaro RosaCosta
Música “Borboleta”: Rui Vanti
Música “Caravana”: Leonel Radde e Alhybia Borges
Trilha incidental e arranjos: Leonardo Dias
Preparação Vocal: Letícia Paranhos
Coreografias: Saionara Sosa
Figurinos: Titi Lopes e Ellen D”Ávila (concepção)
Adereços: Elenco Caravana
Cenografia: Ronald Radde e Reissoli Moreira
Execução e Apoio: Elenco Caravana
Criação de Luz: Osmar Montiel
Operação de Luz: José Hildemar Cavalheiro / Marcial Perez (ship)
Programação gráfica: Rogério Araujo
Fotos: Lisa Roos
Assessoria de Imprensa: Phosphoros Novas Ideias
Webdesigner: Rosana Almendares
Projeto A Escola Vai ao Teatro: Ane Marie Kraner
Elenco:
Ana Paula Scheneider
Daniel Barcellos
Leonardo Dias
Guega Peixoto
Reissoli Moreira
1 Comentário:
A preparação Vocal é da Simone Rasslan.
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