Platão Dois em Um - O Banquete
Os aplausos da decepção
A segunda parte de “Platão Dois em Um” termina com papel prateado caindo do teto ao som da banda “Sonoros Meliantes” e da coreografia dos “Plato’s boys”. Quando o elenco se reuniu e veio para o proscênio, ouvi cinco segundos de aplausos de uma platéia esburacada (muita gente havia ido embora depois de Górgias) e completamente sentada. O elenco seguiu a combinação e fez uma volta inteira e retornaram para a frente do palco. Em silêncio, algumas pessoas se levantaram para ir embora e as demais ficaram olhando constrangidas para os atores, talvez, mais constrangidos ainda. Nem mesmo os aplausos haviam sido unânimes. Eu, por exemplo, não aplaudi.
Mas deveria ter.
Há quatro momentos na última produção de Luciano Alabarse que valem mais do que aplausos. Mauro Soares, Carlos Cunha, José Baldissera e Sandra Dani merecem gritos de Viva!!. Em meio a uma pasmaceira nonsense, em que o diretor exibe sua excentricidade, querendo fazer com que Porto Alegre engula seu gosto pessoal por Platão e Lacan, esses quatro grandes artistas se levantam e nos fazem retornar ao mundo real que é o mundo do prazer de estar dentro do Teatro de Eva Sopher. São pequenos monólogos. Um por um levanta-se da sua cadeira e deixam com que seus personagens falem sobre Eros. E cada palavra que sai deles tem a profundidade de um personagem construído, de uma imagem, primeiramente vista por eles, de que somos gentilmente convidados a compartilhar, e de um som fértil o suficiente para produzir sons que nossa mente cansada do palavrório há tanto aspirava. Pouco se mexem. Não se esforçam em chamar a atenção. Economizam porque sabem que teatro é, sim, feito de movimento e de presença, mas que um coração batendo num ator em frente ao seu público já é o suficiente para que isso se estabeleça. O mais é exagero e mal gosto. Ao darem-se a ver, Mauro Soares, Carlos Cunha, José Baldissera e Sandra Dani (e repito os nomes propositalmente) fazem valer a pena ter estado ali por quase quatro horas.
Há ainda as atuações de Rodrigo Fiatt e de Marcelo Adams que, apesar dos excessos de caras, bocas, gritos e fricotes, dão vida ao texto de Donaldo Schüller, dramaturgo novo que, infelizmente, não encontrou quem lhe explicasse que, na biblioteca, lugar onde se lê, não se faz teatro. Se lê. E, que no teatro, lugar onde se atua, não se lê. Se atua e se assiste a alguém atuando.
Assiste-se, mas nem sempre se aplaude, se levanta, se grita e homenageia.
Luiz Paulo Vasconcelos, estou ficando convencido disso, sempre interpreta o mesmo personagem ou, talvez, há muito tempo não interpreta nenhum. Tirando o texto muito bem dito, o tom de voz, corpo e expressões são exatamente os mesmos em todos os trabalhos a que tenho assistido. Marcos Contreras, Vika Schabbach e Lutti Pereira poderiam ter ficado sem o (desde Creonte) bêbado, a afetada professora de filosofia e a bicha estilista bem aos moldes do Zorra Total respectivamente. A presença da acima referida banda e o grupo de bailarinos (?!) coroa o desperdício de talento, dinheiro e espaço.
Três dúvidas ficam:
1) o papagaio, boneco manipulado por Lê Souza, no proscênio, era uma referência à Ana Maria Braga (não duvidaria de mais essa) ou só estava ali para dizer o texto aos atores (porque havia um tripé com as páginas dele em frente ao ator) quando esses se esqueciam dele?
2) Por que na última cena, em que o jornalista e Sócrates discutem sobre Lacan, não acendem a luz e nos servem café, uma vez que a peça já terminou ou, quem dera, nunca tivesse sido feita (desse jeito, claro)?
3) Repetindo a pergunta do outro post deste blog: como pode, Luciano Alabarse, com o currículo invejável e reconhecido em todo país, debochar de uma forma tão grosseira do público e dos atores da nossa capital?
Aos atores, fica a certeza de que esse texto serve a quem não viu a peça. Aqui consta, em forma de literatura, o que estava estampado nos cinco segundos mortos de aplausos decepcionados visto por eles mesmos na noite de estréia.
Mas deveria ter.
Há quatro momentos na última produção de Luciano Alabarse que valem mais do que aplausos. Mauro Soares, Carlos Cunha, José Baldissera e Sandra Dani merecem gritos de Viva!!. Em meio a uma pasmaceira nonsense, em que o diretor exibe sua excentricidade, querendo fazer com que Porto Alegre engula seu gosto pessoal por Platão e Lacan, esses quatro grandes artistas se levantam e nos fazem retornar ao mundo real que é o mundo do prazer de estar dentro do Teatro de Eva Sopher. São pequenos monólogos. Um por um levanta-se da sua cadeira e deixam com que seus personagens falem sobre Eros. E cada palavra que sai deles tem a profundidade de um personagem construído, de uma imagem, primeiramente vista por eles, de que somos gentilmente convidados a compartilhar, e de um som fértil o suficiente para produzir sons que nossa mente cansada do palavrório há tanto aspirava. Pouco se mexem. Não se esforçam em chamar a atenção. Economizam porque sabem que teatro é, sim, feito de movimento e de presença, mas que um coração batendo num ator em frente ao seu público já é o suficiente para que isso se estabeleça. O mais é exagero e mal gosto. Ao darem-se a ver, Mauro Soares, Carlos Cunha, José Baldissera e Sandra Dani (e repito os nomes propositalmente) fazem valer a pena ter estado ali por quase quatro horas.
Há ainda as atuações de Rodrigo Fiatt e de Marcelo Adams que, apesar dos excessos de caras, bocas, gritos e fricotes, dão vida ao texto de Donaldo Schüller, dramaturgo novo que, infelizmente, não encontrou quem lhe explicasse que, na biblioteca, lugar onde se lê, não se faz teatro. Se lê. E, que no teatro, lugar onde se atua, não se lê. Se atua e se assiste a alguém atuando.
Assiste-se, mas nem sempre se aplaude, se levanta, se grita e homenageia.
Luiz Paulo Vasconcelos, estou ficando convencido disso, sempre interpreta o mesmo personagem ou, talvez, há muito tempo não interpreta nenhum. Tirando o texto muito bem dito, o tom de voz, corpo e expressões são exatamente os mesmos em todos os trabalhos a que tenho assistido. Marcos Contreras, Vika Schabbach e Lutti Pereira poderiam ter ficado sem o (desde Creonte) bêbado, a afetada professora de filosofia e a bicha estilista bem aos moldes do Zorra Total respectivamente. A presença da acima referida banda e o grupo de bailarinos (?!) coroa o desperdício de talento, dinheiro e espaço.
Três dúvidas ficam:
1) o papagaio, boneco manipulado por Lê Souza, no proscênio, era uma referência à Ana Maria Braga (não duvidaria de mais essa) ou só estava ali para dizer o texto aos atores (porque havia um tripé com as páginas dele em frente ao ator) quando esses se esqueciam dele?
2) Por que na última cena, em que o jornalista e Sócrates discutem sobre Lacan, não acendem a luz e nos servem café, uma vez que a peça já terminou ou, quem dera, nunca tivesse sido feita (desse jeito, claro)?
3) Repetindo a pergunta do outro post deste blog: como pode, Luciano Alabarse, com o currículo invejável e reconhecido em todo país, debochar de uma forma tão grosseira do público e dos atores da nossa capital?
Aos atores, fica a certeza de que esse texto serve a quem não viu a peça. Aqui consta, em forma de literatura, o que estava estampado nos cinco segundos mortos de aplausos decepcionados visto por eles mesmos na noite de estréia.
*
*
*
*
FICHA TÉCNICA
Texto: Platão
Elenco: Luiz Paulo Vasconcellos, José Baldissera, Marcelo Adams, Vika Schabbach, Carlos Cunha Filho, Alexandre Magalhães e Silva, Lutti Pereira, Marcos Contreras, Rafael Mentges, Fernando Zugno, Eduardo Steinmetz, Rodrigo Fiatt, Fabrizio Gorziza, Daniel Bacchieri, Lê Souza e Vinicius Meneguzzi.
Participação Especial: Sandra Dani
Direção: Luciano Alabarse
Cenário: Sylvia Moreira
Figurino: Rô Cortinhas
Iluminação: Cláudia de Bem e Maurício Moura
Direção Musical: Moysés Lopes
Foto: Julio Appel
Duração: Górgias: 1h e 20 e O Banquete: 1h e 30 Intervalo de 40 minutos
4 Comentários:
Deves buscar amansar tuas criticas. Pois escreves como se joga frutas aos porcos. Realmente fico a refletir como nossa Universidade pode abrigar um mentecapito e desrespeitoso presuncoso a ser critico de teatro. Respeite o publico e poupe-nos de tuas vociferacoes invejosas e pobremente pautadas. Tua pouca idade faz com que teu ego supra o que te falta de cultura, inteligencia e respeita a arte.
Veremos se esse critico aceita criticas `as suas criticas.
.
Nao espere docilidade quando entregas azedo nos sabores das tuas falas.
Mentecapto é quem escreve "Mentecapito".
Parabéns, rodrigo.
Quem nao se assina nao merece consideraçao!
Sinceramente peço venia ao caro colega crítico sobre meu entusiasmado depoimento e pelo pequeno erro de digitação que o covarde anonimo bem apontou.
Jamais quis acertar a tua pessoa rodrigo...já o critico.. bom.. esse pediu um certo carinho de minhas palavras...rsrsr
.
E como sao da tua fala..."pobre daqueles que nao entendem as diversas faces de um discurso."
Apaziguemo-nos...e viva a Arte!
Postar um comentário