10 de nov. de 2010

A lição


Foto: Júlio Appel

Equívocos

Existe uma grande diferença entre uma produção equivocada e uma produção com equívocos. A primeira consiste naquela que agride o público e, consequentemente, a classe teatral/artística que do público vive. E a agressão pode vir pelo descaso ou pela má intenção. Descaso quando não houve pesquisa, estudo, aprofundamento. Má intenção quando o interesse real não é estético/artístico ou ideológico, mas outro qualquer. A lição, novo espetáculo da Cia. De Teatro Ao Quadrado é um exemplo da segunda. Há pesquisa e aprofundamento e o interesse é notoriamente artístico. Mas há muitos equívocos, ou, talvez, um só que seja responsável por todos os outros. Teatro do Absurdo e Hitchcock são opostos que não ocupam o mesmo lugar no espaço sem que ambos saiam prejudicados. Nisso consiste o grande equívoco aqui em questão.

Ao enfatizar o fato de que não há jeito correto de tornar teatro a literatura dramática de Eugène Ionesco (Romênia, 1909-1994), a atenção recai sobre o quanto A lição perdeu na sua aproximação com o Mestre do Suspense, Alfred Hitchcock (Inglaterra, 1899-1980).

Escrita em 1951, a história consiste no encontro entre uma aluna e um professor numa situação absurda. A Aluna é muito mais ágil, esperta e opinativa que o Professor,completamente frágil e submisso. A questão se torna ainda mais complexa quando, querendo participar de uma seleção para doutorado, a menina não consegue fazer operações simples como quatro menos três. O próprio exercício matemático, na lição, já sustenta uma ordem narrativa oposta, e não só alternativa, ao mundo além da ficcção. E essa ordem não permanece ao longo de sua duração, mas se modifica algumas vezes em outras direções. A Aluna se torna submissa e o Professor se torna um ditador. Ou, diante de sua Criada, o Professor, que acabou por assassinar sua Aluna a facadas, tem um comportamento infantilizado. Essas para citar apenas duas entre tantas alterações estruturais nas relações dispostas.

A história recomeça com a chegada de mais uma aluna, depois que o corpo da anterior é retirado. É o próprio Ionesco quem esclarece num vídeo, publicado no blog do grupo, que o aburdo não está dentro da narrativa, mas no olhar da recepção. Para a Criada, a morte de mais uma aluna é muito pouco além do normal, uma vez que 39 corpos estão a espera de sepultamento junto desta 40ª aluna que acabara de morrer. A Aluna, por sua vez, está convicta de poder passar na seleção não sabendo fazer corretamente operações matemáticas simples, embora saiba de coração todos os resultados possíveis, incluindo aqueles que envolvem quintilhões. O Professor, ao lembrar de um amigo seu que troca a letra F pela letra F, também está cônscio do engano cometido por ele, embora quem assista à história não veja nenhuma diferença entre F e F. A questão fundamental, então, está no fato de cogitar a possibilidade de uma mirada exterior à realidade que vivemos. Será que, estivéssemos fora desta vida, não acharíamos absurda toda a nossa realidade? Um homem louco matar milhões de pessoas, gente morrer de fome enquanto outros oferecem rações importadas aos seus cães, haver cirurgia de transplante total de rosto e não haver ainda cura para a AIDS e vacina contra o câncer... Nesse sentido, o Teatro do Absurdo continua tendo o que dizer mesmo sessenta anos após o lançamento de A cantora careca, texto do mesmo Ionesco.

Nos anos cinqüenta, Hitchcock já era um diretor de cinema bastante premiado. Seus primeiros filmes aconteceram nos anos 20 e os últimos na década de 70. Ionesco e ele, assim, são contemporâneos, mas artisticamente bastante divergentes. Não há, nos filmes desse cineasta, tapas, gritos e esfaqueamentos. O próprio sangue é raro. O pudor do diretor é alto e se converte no seu maior talento. Por isso, ele não é o Mestre do Terror, mas o Mestre do Suspense. E, nisso, está o ponto em que mais ele se distancia de Ionesco. Para Hitchcock, é fundamental que a história esteja firmemente amarrada para que, preso, o espectador fique submerso aos mandos do narrador até rastejar-lhe aos seus pés em busca de um fim que faça sentido. Quem assiste aos filmes de Suspense precisa saber como a história vai terminar, como o mistério vai se resolver. Porque é para essa resolução, para esse final aparecer, que tudo o que é posto na tela existe. Nem sempre, o final explica o filme, mas o final precisa ser satisfatório. O teatro de Ionesco, nem de longe, se fundamenta nisso. Ao contrário: a satisfação do público é do que ele foge.

O realismo para Hitchcock é condição necessária para seus filmes uma vez que a história precisa não deixar dúvidas. Ionesco dispensa o realismo: o Professor não necessariamente ensina, mas mata. A Aluna não necessariamente aprende, mas sabe. A Criada não é necessariamente uma serviçal. O punhal talvez não exista. O quadro negro e o giz não precisam aparecer, mas podem ser sugeridos. E não há história para entender: não sabemos quem é essa Aluna, quem é esse Professor. Se 39 alunas foram mortas anteriormente, como ainda ele não foi preso? E, havendo 39 corpos esperando por seus enterros, eles não estariam fétidos? Para um espectador de Hitchcock, isso é uma loucura, um absurdo.

A produção dirigida por Margarida Leoni Peixoto força uma relação entre A lição e Psicose. A personagem da Criada saiu de cena, dando lugar à Mãe do Professor, que vem a ser ele mesmo com direito à diálogos fora da cena em que Marcelo Adams muda de voz para cada persagem. O Professor e sua Mãe se tornam um só personagem na loucura final do Mestre que esfaqueia a Aluna após tê-la torturado brutalmente. O professor se torna, aos olhos do espetador, dessa forma, um louco, um doente. Os diálogos iniciais fazem, então, sentido no final quando entendemos que há um distúrbio mental em questão que justifica o aceite a uma aluna incapacitada e, também, a tortura, os gritos, os tapas, os chutes, as ofensas que vem na sequência. E, quando tudo faz sentido, a produção que almeja homenagear o Teatro do Absurdo acaba por ofendê-lo ou, ao menos, dele se distancia. O mundo não faz sentido para quem o vê de fora no teatro de Ionesco.

Luisa Herter está numa ótima interpretação como a Aluna. Opinativa, determinante, feliz, ela domina convenientemente o início do espetáculo. Sua ação submerge, também adequadamente, quando o Professor começa a crescer. Marcelo Adams, no entanto, embora muito bem no início, não sustenta as qualidades até o fim. É, no fim, que a concepção de Peixoto não valoriza nem Ionesco, nem Hitchcook, isto concretizado nas ações de Adams. O ator grita estridentemente num teatro pequeno (Teatro de Arena) a ponto de nos fazer ter vontades de fechar os ouvidos de tão irritante que é. Cria-se uma sensação de sufocamento, que também não faz parte, de forma contribuitiva, nem para o Absurdo, nem para o Suspense. Também incomoda bastante o espancamento da Aluna, deixando o espectador ter dúvidas se o que vê não faz parte de um espetáculo mais sadomasoquista que artístico. Além disso, Psicose é um filme tão simbólico que a relação entre a Mãe e o Filho apontam para o desfecho de um jeito claro demais de forma que, desde o início, já sabemos o que acontecerá no fim. O mal disso está no fato de que, para o Absurdo, não há uma relação de causa e conseqüência que valorize o início como uma preparação para o fim. Nesse gênero, o fim, o meio e o início são tão importantes que poderíamos inverter a lógica sem desacréscimo. Na produção da Cia. De Teatro Ao Quadrado, isto é impossível, uma vez que o Professor construído por Adams está assustado diante do crime, enquanto que o sugerido por Ionesco não sente susto mais que outras reações. No texto original, há, até mesmo, o alerta do Mestre de que não se gaste muito no enterro da aluna recém morta, porque ela não pagou a lição, o que mostra que susto, pavor, contentamento, frieza, e outras, são reações sem níveis de importância e que se alternam. Em Ionesco, nesse sentido, sempre que um personagem se define, imediatamente depois, ele se indefine. O Teatro do Absurdo é, afinal, uma reação oposta ao Estruturalismo e, por sua vez, ao Formalismo. Daí que, embora com figurinos bem cuidados, um cenário bastante rico, uma iluminação cheia de propostas interessantes, a concepção que aproxima essa produção do suspense faz todos os acertos naufragarem nesse grande equívoco. O que é uma pena.



*

Ficha técnica:
Texto: EUGÈNE IONESCO
Direção: MARGARIDA LEONI PEIXOTO
Elenco: MARCELO ADAMS e LUÍSA HERTER
Cenografia: ZOÉ DEGANI
Figurinos: RÔ CORTINHAS
Iluminação: FERNANDO OCHÔA
Trilha sonora: MOYSÉS LOPES e OLY JR.
Fotografias: JÚLIO APPEL
Projeto gráfico: DÍDI JUCÁ
Divulgação: BEBÊ BAUMGARTEN
Bilheteria: RENATA SAVARIS
Produção e realização: CIA. DE TEATRO AO QUADRADO

18 Comentários:

Marcelo Ádams disse...

Rodrigo, não vou fazer o papel daqueles que se ofendem e defendem com unhas e dentes seu trabalho, mas quero aproveitar o espaço do teu blog, que é bastante lido, para dizer o seguinte: assim como há espetáculos equivocados, dos quais nós, artistas, não estamos livres, também há críticas e visões críticas equivocadas. Me permito incluir a tua visão de A LIÇÃO nessa categoria, pois me parece que tu assististe à peça contaminado pelo "pode e não pode". Não existe, me permita afirmar categoricamente, uma maneira certa de montar Ionesco, e nem uma lei que diga que não se pode juntá-lo com Hitchcock. Aliás, essa visão literária (eu, que amo textos dramáticos), tende a deixar de lado os aspectos cênicos de uma obra. Assim como tu colocaste várias questões sobre nossa encenação, outras tantas pessoas ficam impressionadas com as sensações que elas provocam nos nervos (e essa é nossa intenção). Mas respeito tua visão, apesar de achá-la limitada. Esse é o papel do comentador teatral, expor sua visão pessoal. Abraço!

Rodrigo Monteiro disse...

Olá, Marcelo!

1) Não assisti ao espetáculo contaminado por nada. Pode estar certo disso. Ouvi vários comentários sobre "A lição", sim, afinal, Porto Alegre não é uma cidade tão grande assim. Muitos comentários, inclusive, sem fundamento nenhum: como, por exemplo: "Para ser teatro do absurdo, precisa haver realismo", dito por pessoas sem conhecimento do que estão falando. Já sou bem treinado nisso: me desvencilho de todo e qualquer conceito (positivo ou negativo) antes de assistir a um espetáculo. E com o seu não foi diferente.

2) Quanto ao jeito certo ou errado de fazer uma peça, na própria crítica, escrevi: "Ao enfatizar o fato de que não há jeito correto de tornar teatro a literatura dramática de Eugène Ionesco (Romênia, 1909-1994), a atenção recai sobre o quanto A lição perdeu na sua aproximação com o Mestre do Suspense, Alfred Hitchcock (Inglaterra, 1899-1980). " Ou seja, imagino que essa frase tenha passado despercebida para você. No mais, eu sei que você me lê e, por isso, sabe que eu sou bastante insistente nesse aspecto: literatura é uma coisa, teatro é outra. Daí que alguém achar que eu tenho uma visão literária sobre alguma peça teatral é bastante não fundado.

3) Ainda preciso dizer que você, como artista, pode unir Ionesco com Hitchcock. Como artista, respeitando o seu público e a sua classe como, aliás, é o caso, você pode fazer o que quiser. Minha análise foi no sentido de dizer que sua opção, na minha avaliação, fez perder a um e a outro. Outras aproximações, sem fazer aqui nenhuma sugestão, talvez, trouxesse ganhos...

4) Tu falas que eu tenho uma visão limitada. Sim, tenho. Todos temos. Ninguém tem uma visão total sobre nada. Por isso, é com prazer, porque gosto do trabalho que o seu grupo faz, porque gosto de ti e da Margarida, e do teatro portoalegrense, que fico feliz em saber que outras pessoas tiveram visões diferentes das minhas. As delas são tão limitadas quanto a minha, devo dizer, e isso não as descaracteriza nenhum um pouco. Convém a você e a seu grupo ouvir todas e guardar para si as que vocês acharem que devem. O mesmo deve fazer as pessoas que lêem o meu blog e os outros espaços, as outras críticas e os comentários todos. O mesmo faço eu.

5) Por fim, sinceramente, acho essa discussão de crítico versus comentador tão sem fundamento que não vou alongá-la, porque tenho certeza de que ela não merece tal crédito. Helena Mello fez um mestrado em crítica teatral e, com ela, já pesquisamos bastante sobre o assunto. Jamais encontramos nada realmente seguro sobre essa oposição, que não seja, claro, juízo emocional de valor. E eu e você, creio, somos apolíneos demais para entrarmos nisso, não?

Um abraço,
Rodrigo

Marcelo Ádams disse...

Comentário sobre o cometário do Rodrigo: claro que quase tudo que ele diz está correto, já que tudo que foi escrito é uma visão pessoal do comentador. Mas assistam ao espetáculo, caros leitores, e vejam se concordam. Provocar reações de desconforto frente à violência é o que almejávamos, e isso parece ter refletido bem no Rodrigo.

Rodrigo Monteiro disse...

Bravo, Marcelo!

Porto Alegre precisa perder essa mania de dar opiniões sobre as coisas sem assistir a elas.

Acredito que todas as opiniões são válidas, mas quem dará crédito a alguém que fale de uma peça sem tê-la visto?

A LIÇÃO ficará em cartaz no Teatro de Arena (Borges de Medeiros, 835, Altos do viaduto)até 19 de dezembro, de sextas a domingos, às 20 horas.
Os ingressos custam R$ 20, com desconto de 50% para idosos, estudantes e classe artística, e de 25% para o Clube do Assinante ZH.

Contatos com a produção:
MARCELO ADAMS
m.adams@terra.com.br
Fones: (51) 3226-9260 ou (51) 9866-2728

Miguel Piaccini Filho disse...

Fã de carteirinha que sou de Hitchcock, depois de ler os comentários do Rodrigo fui até o Arena conferir A Lição, curioso com a montagem. Assim como Rodrigo, não gostei. Quanto mais queria desfrutar do absurdo de Ionesco mais me incomodava Hitchcock, e a certa altura, cansado com os dois desisti de ambos. Uma montagem realmente absurda.

Lis disse...

Eu também não gostei desta peça, fui cheia de expectativas e saí muito frustrada. Não me considero uma espectadora careta, bem pelo contrário; não me incomodo com cenas de sexo, violência, etc, contanto que elas sejam bem utilizadas. Fiquei com a sensação de que, da metade para o final,a direção se perdeu na proposta. O "professor" virou um mero serial killer; todo o discurso existente na obra de Ionesco se perdeu com isso. Chocar o público através da violência física é fácil se comparado ao chocar através das palavras, das ações, das expressões. Mas é a minha opinião, claro.

Oly Jr. disse...

Rodrigo,

Não consigo me acostumar com uma crítica depreciativa!!! Ainda mais numa cidade que necessita de incentivo artístico!!!
Uma crítica depreciativa, no meu entendimento, é desnecessário pra cultura!! Pois ela induz ao erro principal. O erro de não ir ver um espetáculo por conta de tal crítica!!
Tu já chegastes ao ponto de escrever pras pessoas não irem ao teatro!!! Loucura!!

Eu já tô acostumado a ler e ouvir tudo quanto é tipo de crítica, pois estou no cenário cultural há mais de 10 anos e por isso eu tenho um conceito sobre isso. Quando tu chegas ao ponto de ofender, difamar ou dizer pras pessoas não se darem ao trabalho de ver ou ouvir determinada manifestação artística, é sinal de que tu não quer pensar e tão pouco refletir sobre o acontecimento de maneira social. Apenas pessoal.

Então, se uma crítica é pessoal, ela automaticamente se reduz a um simples ponto de vista.
Quando uma crítica é construtiva, leva-se em consideração fatores históricos, sociais e temporais, propondo ao leitor ou ao ouvinte, buscar o conhecimento para assim, formar uma cadeia conceitual.

O termo "crítica" provém do grego "crinein", que significa "separar", "julgar".
Somos criticos vorazes. Julgamos tudo e todos. É um ato natural do ser humano.
E a gente sabe que existem várias coisas pra se criticar dentro da sociedade e da condição humana. É um direito de todos. Cada área é uma área e vamos se ater no sentido cultural.

Ao meu ver, a crítica cultural serve para instigar o cidadão a usufruir da cultura de sua região ou propor o conhecimento de outras culturas. Participar, interagir, sentir e tentar entender certas manifestações artísticas. Ou seja, pra ti formar uma opinião é preciso conhecer o que tu se propõe a opinar. E o mais importate: deixar e propor às pessoas que formem suas próprias opiniões. Para tornar nossa sociedade mais democrática e civilizada.
É como se fosse um exercício. E tão ou mais que nós cidadãos, é um execício que qualquer crítico ou pessoa que tenha acesso à comunicação em massa deve fazer.
Um "crítico" dizendo pras pessoas não terem esse conhecimento é o processo inverso.
Tu se dar ao luxo de ver uma peça de teatro e não gostar é uma coisa. Tu ver, não gostar e instigar as pessoas a não verem, é no mínimo um ato preconceituoso e manipulador.

É claro que existem pessoas formadas em suas faculdades artísticas, na qual, eu penso que estudaram vários tipos de manifestações que os tornam aptos a conceituar uma criação.
Mas, ainda assim, penso que o ato de criticar é uma função muito mais filosófica.
Portanto defendo a tese de que a pessoa mais próxima de uma crítica convincente a uma criação artística seria um filósofo. E mesmo assim, com toda a cordialidade e respeito que um autor merece.
Temos que aprimorar mais a difícil arte de nos colocar no lugar do outro.

Penso que qualquer crítica de cunho cultural, deve ser feita seguido SEMPRE de palavras que dão a entender, que tal crítica é extremamente pessoal. E instigando as pessoas a tomar conhecimento do fato.
É o que eu sinto falta no teu blog e em outros!!!
Mas é uma crítica e uma opinião pessoal de quem vive da arte!! Criando, Produzindo, Executando e Tentando sobreviver de manifestações artísticas!!

Rodrigo Monteiro disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

Rodrigo Monteiro disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

Rodrigo Monteiro disse...

Olá, Olyr!

Antes de tudo, te agradeço muitíssimo pelo teu comentário, pela tua crítica, porque, com certeza, ela me faz pensar. É bem educada, bem escrita, segura e traz pontos para a reflexão, sem dúvida, muito pertinentes.

Veja bem, você me deprecia, ou melhor, deprecia o meu fazer crítica teatral. O que você quer é que eu deixe de escrever crítica, é isso? Você quer que haja ainda menos um crítico nessa cidade e nesse estado que já tem tão poucos? Sendo bastante sincero, acho que não, acho que não é isso que você quer. Eu, pelo menos, não li assim o que você escreveu. A mim, parece que você discorda de um tipo de crítica e quer que eu abandone esse tipo, mas não a crítica em si, ou o ato de publicá-la. Então, há uma contradição aqui.

Eu não exorto ninguém a deixar de ir ao teatro, a parar de freqüentar as peças, a não mais fruir cultura. Tampouco de produzi-la, de deixar de ser ator, de abandonar a profissão. Nesse blog, há mais de cem críticas. Algumas são negativas, outras são positivas. Recentemente, escrevi críticas bastante positivas de Wonderland, de Para acabar com o julgamento de Deus, de O dia desmanchado, de Sexo, mentiras e gargalhadas, de O clube do fracasso, de O animal agonizante... Ou seja, numa leitura bastante simplista que, a fundo, não condiz com a verdade, estou até dizendo, não vá ver essa peça, mas vá ver esta, essa e aquela. Assim, estou, sim, incentivando a cultura, a fruição teatral e, consequentemente, a sua produção. Nunca disse para alguém não ir ao teatro, mas já escrevi para não irem ver um espetáculo em questão naquele momento.
O que faço é uma análise crítica. E, sim, uma crítica pode ser depreciativa. Vamos olhar para expressão.

Análise: Ele faz.
Análise crítica: Ele faz bem. / Ele faz mal. – Ele faz certo. / Ele faz errado.

No caso das artes, também há certo e errado, ao contrário do que muitas pessoas pensam. A diferente é que o parâmetro não está externo à obra, mas intrínseco a ela. Não há gabarito para teatro, mas há uma relação sistêmica nos elementos dispostos que garantem à análise avaliar o sucesso ou o insucesso das relações entre eles. E o olhar é sempre subjetivo, esse posto num comentário (quando é rápido e corriqueiro), numa resenha (um pouco mais longo), num ensaio (mais extenso), porque a percepção dos elementos e de suas relações é próprio de quem vê.

Tenho certeza de que Marcelo Adams sabe disso. Ele mesmo já escreveu, numa crítica a Gilberto Gawronski, no blog do Porto Alegre em Cena: “Erros e acertos fazem parte da nossa profissão.” (Ver: http://poaemcena.blogspot.com/2010/09/marcelo-adams-3-ato-de-comunhao.html )

Também há diversos tipos de críticas... E existe aquela que é vinculada às produções teatrais (como as que eu fiz no blog do Poa em Cena, em que eu apresentava as produções, tratando apenas de seus aspectos positivos e não comentando os negativos) e as que são vinculadas ao público (como as que eu faço aqui e as que eu também escrevi no blog do mesmo Festival.).
O mais importante é que a crítica é sempre, ou seja, a expressão da opinião, seja de forma rápida, mais demorada ou longa, sempre deve ser ouvida. Valorizá-la é um ato espontâneo de quem a ouve. Incluindo essa minha e essa tua.

Miguel Piaccini Filho disse...

Rodrigo e Oly!
Gostaria de juntar-me a vocês nesta discussão e usar de um exemplo extremamente atual para manifestar o que penso. Escrevo neste momento aqui de Buenos Aires, onde vim assitir ao trabalho de um grupo de amigos,de bastante tempo, e que já esteve em Porto Alegre apresentando um lindo Sheakespeare numa edição antiga do Em Cena. Neste ano este grupo estreou seu espetáculo aqui na Argentina e os comentários de dois grandes jornais foram extremamente negativos, tratando a peça de ofensiva e grosseira para com o público.
Pois bem: a peça é um sucesso. A sala perto da Biblioteca Central não é grande, mas comporta umas 150 pessoas. Todo o dia fica gente do lado de fora, adiantando a compra de ingressos para o dia seguinte.
Todos os atores da companhia estão extremamente emocionados porque não tiveram nenhum incentivo para a realização do trabalho, que foi realizado com dinheiro do próprio grupo.
Daí, agora, coloco minha análise. Os fatores externos e o contexto que envolvem uma montagem são SEMPRE desconsiderados quando nos manifestamos, pois raras vezes conhecemos o processo como um todo. Então concordo com o Oly quando cobra de todos um pouco mais de cuidado com o quê escrevemos. Acho que a cultura na América Latina inteira consome a menor fatia dos orçamentos governamentais, quando consegue usufruir de tais recursos. E desmotivar o público realmente é um deserviço. Se tivermos menos público teremos menos espetáculos e menos possibilidades de manifestar nossa opinião.
Porém não acho que se deva, com isso, elogiar o que não mereça ser elogiado. Acho que quando temos referências mais apuradas sobre o teatro nossas opiniões tem uma maior chance de basearem-se nelas, e nos pronunciamos apoiados em nossos conhecimentos,o que, muitas vezes, não significa sucesso ou fracasso para um trabalho, APENAS UM PONTO DE VISTA. Não fosse assim eu não teria que ter remarcado meu retorno de Buenos Aires para assistir à peça no dia seguinte. Abraço Rodrigo e Oly.

Oly Jr. disse...

Oi, Rodrigo!!
Tchê, acho que tu entendestes bem o que eu quis dizer!!
Mas se equivocastes com alguns pontos!!

Sim, discordo do tipo de crítica que tu se propõe a fazer mas não me contradigo!!Tu é que se contradiz, dizendo: "Nunca disse para alguém não ir ao teatro, mas já escrevi para não irem ver um espetáculo em questão naquele momento."
Pelo menos pra mim é contraditório!!
Não quero que tu deixes de fazer críticas, mas ter um bom senso na hora de manifesta-las ao público em geral!!! Quando eu digo geral, me refiro ao público leigo que tem ascesso ao teu blog e se motiva ou não, com tuas críticas para assistir um espetáculo. Gostam de ir ao teatro mas não são intelectuais do estudo teatral!
A minha preocupação é com eles e não com o Marcelo Adams, Margarida, Daniel Colin, Alabarse e etc.
Esse artistas são criadores de obras independentes de críticas!!
Me refiro a atores iniciantes e o público apreciador da arte teatral!!!
Tu és um formador de opinião, já que se propõe a ser. Portanto, é responsável, parcialmente, por opiniões forjadas em detrimento de uma crítica tua!!!

É nesse ponto, e somente nesse ponto, que discordo do teu ofício!!! Mas é uma opinião pessoal, como gosto de frisar e gostaria que tu frisasse, sempre que publicar uma crítica!! Podemos achar que a crítica subentende-se a passionalidade na coisa, mas não é bem assim!! Tu sabes que a opinião de uma pessoa que estuda o assunto conta muito. Por isso, sou a favor de tu frisares, usando artifícios da escrita em alguns momentos do texto, que é a tua opinião, e que as pessoas tem que ir em todos os espetáculos que julgarem possível, primeiro para se alimentarem de espectativa, segundo para respirar cultura e, quiça terceiro, para terem suas próprias opiniões e senso crítico!

Penso que o teu serviço para a cultura da nossa cidade é muito relevante e necessário!! Mas sempre que houver uma crítica que desmotive o artista e o público, deixando a crítica construtiva dos prós e contras de lado, e se ater somente à crítica negativa, serei sempre contra!!!
É um conceito meu!! De quem vive da arte de viver da arte!!! Portanto, extremamente passional!! Entendo o valor da crítica e do crítico, mas serei sempre contra aqueles que por um motivo ou por outro, desmotivarem, desqualificarem e depreciarem uma manifestação artística, sem frisar que tal conteúdo crítico é pessoal, e sem procurar pontos positivos junto a uma crítica negativa!!

Entendo o teu lado e acredito que sempre vai haver esse tipo de discussão, mas serei sempre a favor da arte como forma de expressão prática, criativa e instintiva, e não acadêmica, teórica e lógica!!! Não desqualificando ninguém!! E não rotulando quem é quem!! É apenas a minha humilde opinião e um conceito firmado atráves de minhas experiências até aqui!!

Abraço e sucesso!!

Oly Jr. disse...

Oi, Rodrigo!!
Tchê, acho que tu entendestes bem o que eu quis dizer!!
Mas se equivocastes com alguns pontos!!

Sim, discordo do tipo de crítica que tu se propõe a fazer mas não me contradigo!!Tu é que se contradiz, dizendo: "Nunca disse para alguém não ir ao teatro, mas já escrevi para não irem ver um espetáculo em questão naquele momento."
Pelo menos pra mim é contraditório!!
Também discordo no que diz respeito a certo ou errado na arte!! Creio que não existe certo ou errado quando o assundo for arte!! Certo e Errado são classificações necessárias pra vivermos bem em sociedade, com leis para não chegarmos ao caos!!
E na minha concepção, muitas vezes o caos faz parte da condição artística!! A regra é uma questão muito particular nesse caso!!! Isso é o que eu penso!

Mas o ponto é outro!!
Não quero que tu deixes de fazer críticas, mas ter um bom senso na hora de manifesta-las ao público em geral!!! Quando eu digo geral, me refiro ao público leigo que tem ascesso ao teu blog e se motiva ou não, com tuas críticas para assistir um espetáculo. Gostam de ir ao teatro mas não são intelectuais do estudo teatral!
A minha preocupação é com eles e não com o Marcelo Adams, Margarida, Daniel Colin, Alabarse e etc.
Esse artistas são criadores de obras independentes de críticas!!
Me refiro a atores iniciantes e o público apreciador da arte teatral!!!
Tu és um formador de opinião, já que se propõe a ser. Portanto, é responsável, parcialmente, por opiniões forjadas em detrimento de uma crítica tua!!!

É nesse ponto, e somente nesse ponto, que discordo do teu ofício!!! Mas é uma opinião pessoal, como gosto de frisar e gostaria que tu frisasse, sempre que publicar uma crítica!! Podemos achar que a crítica subentende-se a passionalidade na coisa, mas não é bem assim!! Tu sabes que a opinião de uma pessoa que estuda o assunto conta muito. Por isso, sou a favor de tu frisares, usando artifícios da escrita em alguns momentos do texto, que é a tua opinião, e que as pessoas tem que ir em todos os espetáculos que julgarem possível, primeiro para se alimentarem de espectativa, segundo para respirar cultura e, quiça terceiro, para terem suas próprias opiniões e senso crítico!

Penso que o teu serviço para a cultura da nossa cidade é muito relevante e necessário!! Mas sempre que houver uma crítica que desmotive o artista e o público, deixando a crítica construtiva dos prós e contras de lado, e se ater somente à crítica negativa, serei sempre contra!!!
É um conceito meu!! De quem vive da arte de viver da arte!!! Portanto, extremamente passional!! Entendo o valor da crítica e do crítico, mas serei sempre contra aqueles que por um motivo ou por outro, desmotivarem, desqualificarem e depreciarem uma manifestação artística, sem frisar que tal conteúdo crítico é pessoal, e sem procurar pontos positivos junto a uma crítica negativa!!

Entendo o teu lado e acredito que sempre vai haver esse tipo de discussão, mas serei sempre a favor da arte como forma de expressão prática, criativa e instintiva, e não acadêmica, teórica e lógica!!! Não desqualificando ninguém!! E não rotulando quem é quem!! É apenas a minha humilde opinião e um conceito firmado atráves de minhas experiências até aqui!!

Abraço e sucesso!!

Rodrigo Monteiro disse...

Olyr,

Não consigo ver onde está minha contradição quando digo, primeiro, que nunca disse para ninguém ir ao teatro e, depois, digo para o leitor não ir ver determinada peça. A relação entre teatro e peça é a mesma que entre cinema e filme, ou entre música e canção. Eu posso não gostar de uma canção, mas isso não significa não gostar de música. Eu posso dizer “não assista a esse filme” e, nisso, não estão dizendo “não vá ao cinema”.

Sobre o certo e o errado, acho que eu também não me fiz suficientemente claro. Talvez pareceu que eu pensasse haver um regra externa, exterior à obra. Não, não é isso que estou pensando. Não há um jeito certo de fazer Shakespeare, nem Ionesco. Tampouco um jeito errado se considerarmos o teatro desses autores e não determinadas e específicas produções. Quem disse que é errado, por exemplo, fazer Romeu e Julieta como se fosse uma comédia? O cinema brasileiro já produziu até uma pérola com essa proposta. A questão de certo e errado em arte existe, mas jamais vem de forma vertical. O certo e o errado, conclusões subjetivas, porque somente fruto da percepção, brotam da obra, nascem do objeto. Vou te dar um exemplo de moda, para tentar ser mais claro, apesar de te oferecer, nesse adiantado da hora, um exemplo bem raso.

Alguém diria que errado usar tennis e calça social. Isso é fato? Sim, se pensarmos num casamento a rigor, black tie, na catedral, por exemplo. No entanto, há várias bandas de rock que combinam as duas coisas e os músicos estão ótimos nessa dupla. O certo e errado, assim, existe se considerarmos um grande número de fatores que estão na obra, em torno dela, através dela.

Na minha crítica à Lição, eu apontei alguns erros, porque considero errado dar uma linha dramática lógica à Lição. E eu estaria equivocado se estivesse considerando o texto A Lição, independente da produção dirigida por Peixoto. Não é o caso. Aqui faço a crítica não do texto, não do autor, mas da produção. Produção essa que diz homenagear o Teatro do Absurdo. Odeio fazer isso, mas penso que, agora, talvez ajude: sugerir algo. Se o grupo tivesse, quem sabe, unido Ionesco com Buñuel, Dalí ou Artaud, penso que teriam um resultado mais positivo, uma vez que o cinema surrealista, pela seu esforço em fugir da consciência regradora, oferece pontes ao Teatro do Absurdo do dramaturgo romeno. A relação de A Lição com Hitchcock é contraditória no caso visto. Tira do cineasta um dos seus grandes méritos (o cinema dramático, convergente, sydfieldiano) e deturpa o texto e a proposta de Ionesco, explicando algo que não tem explicação (dando um porquê para as ações do Professor: o personagem é doente mental).

Rodrigo Monteiro disse...

Tu falas em caos, mas o caos também é uma regra, por mais contraditório que isso possa parecer...

Acho legal tu sugerires para eu, sempre que possível, frisar que o que está posto aqui é sempre a minha opinião, sempre uma conclusão baseada na minha visão e no meu repertório artístico e intelectual. Por outro lado, penso que isso é óbvio e tenho certeza de que muitas pessoas pensam assim. E vou citar um exemplo: no ano passado, fiz uma crítica negativa de O avarento. Um ano depois, revi o espetáculo e mantive a mesma avaliação. No entanto, a mesma produção tem recebido cada vez mais e mais prêmios e se apresentado para um público cada vez maior. Eu fico muito feliz com isso! Afinal, não penso que minhas verdades são verdades absolutas, o que seria uma burrice! E, se um dia conversarmos pessoalmente, te contaria inúmeras histórias de pessoas que foram assistir espetáculos só porque eu fiz críticas negativas ou só porque eu fiz críticas positivas para poderem, aí sim, ter a sua própria opinião (e a última participação do Miguel nesse debate é prova disso). É com muita alegria que eu ouço essas histórias, com a humildade de quem consegue aquilo que almeja: levar as pessoas ao teatro, fomentar a discussão, lutar por um teatro gaúcho de qualidade e com a valorização merecida pelo público e pela sociedade.

Ainda preciso dizer que há uma diferença entre a crítica teatral e a minha crítica teatral. E também uma análise crítica específica que eu tenha escrito. Essa diferença,aliás, é a mesma que o teatro, a peça e uma apresentação específica da peça tal. A minha crítica, via de regra, priva por desconsiderar o processo de construção do espetáculo, tudo aquilo que antecede a apresentação. Se eu fosse o único a fazer crítica em Porto Alegre, isso seria uma pena. Mas não sou felizmente. Cada vez mais há pessoas escrevendo e há lugar, afinal, para todo mundo. Confesso que eu jamais conseguiria abranger todos os aspectos de uma produção, incluindo o seu processo de construção. Mas confesso também que me alegro por não estar sozinho nesse olhar: eu olho umas coisas, outras pessoas olham outras...

E que você possa sempre se sentir bem vindo aqui nessa discussão, com o seu olhar, esse, em nada, menor que o meu.

Abração!

(No site do Sated, há um pouco mais sobre o que penso sobre a crítica teatral. Te convido para dar uma lida quando tiver um tempinho livre: http://satedrs.org.br/entrevistas/?id=16 )

Oly Jr. disse...

Rodrigo,

A bem da verdade, o que a gente discute são pontos de vista!! E crítico e artista são são polos distantes!!
A obviedade é subjetita, se tratando de arte!!Por isso sugeri frisar certos pensamentos lógico (lógico pra ti, pra mim, pra alguns).
Eu já entendi perfeitamente a tua função e o teu pensamento, mas acho que tu continuas a querer justificar uma coisa que não é o caso!!!

Desde o primeiro comentário eu falei que eu não gosto de ler críticas que desetimule o público, seguido de um raciocínio lógico totalmente particular, como se fosse regra geral!!

Cada um faz sua regra na condição artística que se propõe. É o que eu penso!! Então a saída pra uma crítica de bom senso, é analizar os prós e contras de uma peça e citar no decorrer do texto, reflexões pessois!! Mas isso é o que eu acho!! Não é uma regra!!

Penso que fui bem claro quando eu disse que quando tu diz pra não ir à um peça, tu presta um deserviço à cultura teatral!! Eu não disse em nenhum momento que tu desestimula a pessoa à ir ao teatro. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, certo?? pois é!! Pra mim, parecia óbvio isso, mas não ficou bem claro pra ti!!
É uma visão pessoal!! Quando um crítico diz pra pessoa não ir assistir um filme, uma peça, um show, ou qualquer coisa relacionado à arte, ele influencia de certa maneira um pré-conceito sobre uma manifestação!! É o que eu penso, Rodrigo!!! A saída que eu vejo, é no mesmo texto instigar o leitor a ir ver tal peça, mesmo que o crítico não tenha gostado!!!
É a minha opinião!!!

Concordo com o nosso amigo Miguel!! É bem isso que eu penso!!
Tem que existir o crítico, mas crítico bom é aquele que, se por ventura falar mal, instiga o leitor a ir ver um espetáculo pelo simples fato de ter CURIOSIDADE!! É difícil esse contra ponto. Mas tem que ser buscado!! É o que eu penso à respeito!!! Nunca falei que tu tá errado, tão pouco certo, na minha óptica!!

Quanto ao exemplo de certo e errado que tu destes, pra mim continua sendo relativo!!! A regra é pessoal, se tratando de arte!!!
Não achei boa analogia com moda!! De certo ou errado em uma festa de casamento ou num show de rock!! Isso é uma regra social!! Alguém se beneficia com tal regra, no mercado ou na festa!! Estabelece-se um parâmentro pessoal, capital ou até mesmo hierarquico!! Mas penso que isso não deve existir no que diz respeito a uma manifestção artística!!
As coisas se criam e se recriam, porque alguém desconstruiu uma outra coisa!! Essa idéia de Hitchcock é uma coisa e Ionesco é outra, e que na tua opinião, não se encaixaram na "A Lição", me parece um pouco conservadora. Já me causa estranhamento por si só, o fato de um pensamento artpistico ser concervador!! Mas isso é o meu ponto de vista!!! Se houve uma desconstrução e uma nova idéia se somou às possibilidades de se fazer teatro, só aí já tem um ponto positivo que não foi mencionado na tua crítica!!! Mas a crítica é tua e não minha!!!
ÓBVIO que a arte não é só descontrução, mas é uma característa de quem prima pela inovação!!!

Acho que já expus o bastante e creio que fui bem claro quanto ao meu ponto de vista em relação à críticas!!!

De resto, te desejo sucesso e meu sincero apoio ao teu ofíco nesse blog!!!

Abraço!!

Rodrigo Monteiro disse...

Olyr,

Adorei o teu comentário tanto que vou escrever a próxima crítica para você.

Mas aqui devo te dizer que não concordo com tudo o que vc diz, e discordâncias fazem bem. No caso, não acho que um crítico ou um texto crítico deva deixar deixar claro que aquela opinião é somente do crítico, do autor da análise. Primeiro, porque isso deve estar subentendido. Segundo, porque, na própria pele, senti, logo que comecei a escrever, a chatice que é quando lêem o teu texto e dizem: "Rodrigo, não entendi, ao final, se tu gostou ou não gostou da peça." Ou seja, quem lê uma crítica quer saber a opinião do seu autor, para concordar ou discordar, ou só conhecer, mas quer saber se ele recomenda ou não o espetáculo.

No próximo texto, eu, taxativamente, não recomendo. E espero que você me compreenda após ler os meus motivos. Todos eles serão tratados, afinal, é na apresentação das justificativas para o resultado da avaliação que se constrói a análise.

Abraços,

Rodrigo

Guilherme Nervo disse...

Perto do fim de "A Lição" eu queria sair correndo do Arena, me encontrava farto de tanta apelação e mal gosto. Aonde foi parar Ionesco ?
A capa de divulgação não está nada de acordo com o que foi visto no palco.

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