10 de fev. de 2011

Show de Calouros


Foto:divulgação

O divertido Show de Calouros


Show de Calouros é um espetáculo cênico que, como outro, dialoga com a Televisão na medida em que constrói sua narrativa utilizando os signos, os formatos, os tempos construídos mais significativamente por esse veículo de comunicação. Assim temos, de um lado, um apresentador âncora e seu assistente. Quatro jurados num segundo grupo e os concorrentes que, juntos, formam o terceiro grupo de personagens. As marcas de teatralidade estão na construção dos personagens, na ausência das câmeras reais, na falta de pausa para comerciais. Como em qualquer peça tradicional, aqui há atores que interpretam personagens diante de um público. As marcas de narratividade estão na relação da apresentação do espetáculo ao longo da temporada. A cada dia, os concorrentes se modificavam. Há uma votação e os vencedores vão evoluindo. No domingo, quando eu fui assistir, era a final. O prêmio: uma bolsa de estudos na Casa de Teatro de Porto Alegre.

O diálogo com a realidade, ou melhor, com aquilo que está além da narrativa, é bastante rico. Além do prêmio que é real, entre os concorrentes há Iuri, o mágico e Lúcia Becker, personagens que o artista circense Iuri ColesNik e o ator Iran Marcon interpretam fora desse espetáculo. Os personagens que compõem o júri, Bete Gorete (Pitti Sgarbi), Eneida (Alexandre Scapini), Vô Ini (Felipe de Paula) e Jaqueline Bueiro (Jeffie Lopes), também aparecem em outras produções sozinhos ou junto com outros personagens.

O foco da produção em seu colocar-se diante do espectador é entretê-lo, oferecendo um divertimento leve e descontraído, contando com sua participação na hora de escolher os concorrentes que evoluirão ou, no caso da fase final, aquele que vencerá, ganhando o prêmio. O vencedor nessa edição foi o ator Iran Marcon, que, pela opinião da maioria dos presentes, se destacou diante dos demais: Aninha (Ana Paula Schneider), Iuri, o mágico (Iuri ColesNik) e Nega Jurema (Thiago Souza). Os jurados fazem um show à parte em seus comentários, engrandecendo esse espetáculo dentro daquilo a que ele se propõe: fazer rir de modo fácil, rápido e leve, sem grandes pretensões a não ser fugir da vulgaridade o máximo possível. Uma obra de arte deve ser sempre avaliada a partir de si mesmo, de suas propostas, de onde chegou em comparação com onde quis chegar. Show de Calouros vence seu pequeno desafio com galhardia e movimenta o teatro gaúcho, recebendo, inclusive, o retorno do público que quis assistir mais de uma vez a produção dentro da mesma temporada, na torcida pelos seus concorrentes preferidos.

As figuras, sejam de qual dos grupos pertencer, estão no auge de suas exposições. Gratas surpresas para mim, que não conhecia boa parte deles, fazem com que eu renda elogios pela força de suas construções e pela rápida e eficaz relação com o público. Destacar um significa relevar a segundo plano os outros e, por não encontrar justificativas para isso, prefiro não avançar, terminando ao dizer que todos estão muito bem.

Além dos atores e sua relação entre si, os aspectos plásticos da produção, de um modo geral, exibe o respeito que o projeto presta ao seu público. Nada está fora do lugar, nada deixa a desejar, nenhum detalhe desmerece a longa fila da assistência e os aplausos que surgem no final.

Há quem, infelizmente, pense que eu tenho rancor ou mágoa sempre que eu faço uma crítica negativa. Será que agora eu teria interesse em participar desse que tanto elogiei? Deusmelivre abdicar do lugar de plateia, nenhum pouco indigno e muito valorizado por mim. De onde, nesse caso, eu aplaudo fortemente.

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Ficha técnica:

Coordenação: Eduardo Mendonça
Apresentação: Egídio Filho (Eduardo Mendonça)
Elenco Júri: Bete Gorete (Pitti Sgarbi), Eneida (Alexandre Scapini), Vô Ini (Felipe de Paula) e Jaqueline Bueiro (Jeffie Lopes)
Elenco Calouros: Aninha (Ana Paula Schneider), Iuri, O Mágico (Iuri ColesNik), Nega Jurema (Thiago Souza) e Lúcia Becker (Iran Marcon)
Assistente de palco: Isaías da Silva (Francisco de Los Santos)
Participação especial: Caio Prates
Operação de Som: DJ Claudiomiro (Emilio Farias)
Operação de Luz: João Cláudio
Cenografia: Ana Paula Schneider e Pitti Sgarbi

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